Nhak-krarati (2022)
Ensaio premiado no Brasil e no exterior. Nhak-krarati participou dos mais importantes festivais de fotografia do Brasil, além de ser selecionado para ser apresentado no festival de fotografia de Arles na França (2023), e recentemente selecionado (2024) para ser apresentado, no PHotoESPAÑA , em Madri, Espanha. Ambos festivais de fotografia mais influentes e importantes em âmbito mundial.
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O ensaio fotográfico parte da vivência e conexão com a indígena Nhak-krarati do povo Mebêngôkre Kayapó, no 18º Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília, no ano de 2022. Nossa relação se deu através do afeto e da arte, não nos entendíamos pela fala, assim nos conectamos pela fotografia e pela pintura corporal.
À medida que Nhak-krarati ia traçando o jenipapo em meu braço, eu tentava ao mesmo tempo, fotografar e filmar, sentindo aos poucos os traços de sua pintura em meu corpo. Com a pandemia, muitos de nós perdemos o toque pela pele, nesse momento, de certa forma, retomava esse toque. No final da pintura, quando senti mais profundamente Nhak-krarati pedi a ela um retrato seu, e logo o fiz. A partir daí estabelecemos uma relação que nos acompanhou até o final do acampamento.
Através de Nhak-krarati tive a oportunidade de acompanhar as mulheres Kayapó, em um dos atos que fizeram parte da programação do ATL.Na marcha elas saíram na linha de frente e com o corpo todo pintado de jenipapo e urucum. Cantavam, reivindicavam e uma das coisas que mais me chamou atenção foi suas mãos entrelaçadas umas nas outras, à medida que caminhavam e cantavam rumo à Esplanada dos Ministérios. Estar com a máquina junto a elas, naquele momento me proporcionou uma sintonia com o que estava em minha volta: a ancestralidade de nossa terra.
Presenciar junto as indígenas Kayapó a manifestação de suas vozes contra a agenda anti- indígena do Governo Federal, fez acontecer esse ensaio fotográfico.
As imagens materializadas do ensaio “Nhak-krarati”, se constroem a partir da predominância de duas cores, a do urucum através do processo com o anthotype e do preto, representando o jenipapo. Cores que as mulheres indígenas utilizam em sua pele.
O pigmento do urucum utilizado para a realização desse ensaio foi plantado e colhido pela agricultora agroecológica do MST, Irene de Carvalho.