(2020)
Essa série faz parte de minha pesquisa de doutorado em Media Artes, na UBI/Portugal. Essas imagens conectam com práticas ancestrais, realizadas no passado por nossos antepassados, correlacionando assim a uma memória coletiva e afetiva. Todas as imagens da série se conectam pelas plantas, colhidas de minha horta. Diante dessa troca com as plantas se torna visível outra lógica de projetar o mundo, no qual não se está só interessado em representar, mas também se relacionar com os espaços naturais, cuja prática parte da vontade essencial de coexistir, suscitando novos discursos no fazer artístico.
A série propõe um abrandamento do ritmo da respiração e dos gestos através da exploração da materialidade da fotografia e da componente somática das plantas, que apresentam um metabolismo próprio, um ritmo lento e paciente. A investigação através dos pigmentos das plantas para elaboração de imagens efêmeras é o fio condutor dessa pesquisa.
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A imagem que abre a série é realizada pelo processo de chlorophyll print. Quem está na folha de couve é Dona Francisquinha, indígena da etnia Arara Shawãdawa, do Vale do Juruá, no Acre, fotografada por mim, em 2019. Esse processo para essa imagem foi pensando com a proposta de levantar questões sobre o apagamento dessa cultura ancestral que está sumindo, na atual conjuntura do Brasil.